sábado, 26 de dezembro de 2015

pós-guerra

você poderia ter me dito do que gostava
ter me ensinado a cortar esses gravetos
com que teceu por anos as próprias manhãs
ou então me dado um par de luvas
com que lutou sem que a gente soubesse
por quem estávamos morrendo naquela noite
de nuvens e trovoadas contado 
as histórias que eu e a irmã
sempre tão perguntadeira queríamos ouvir
para sonhar (ou viver) quando lá fora não fosse escuro

você que sabia amar sem duvidar do amor
dessas coisas que eu já não sei nem quero
poderia ter me contado tantos 
e tantos segredos mas não
preferiu nos deixar enquanto nos defendia do
mundo que já nem posso entender por que chamamos
mundo preferiu mesmo sabendo que não e a
gente tentando não saber mas sabendo que
para casos como o nosso não existe (por
que não existe?) qualquer defesa

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